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segunda-feira, 15 de junho de 2009

-> Entre Cálice e Athame




Como coordenador de grupos de estudo e vivência externos em meio à sociedade e palestrando em escolas, tenho me deparado com as mais diversas formas de crença e os mais diversos conceitos de paganismo e neo paganismo.
Dentro dos conceitos adotados por uma sociedade patriarcal e como jovem trabalhando em meio aos iguais que começam seu caminho rumo a uma vivência plena nas religiões antigas que na sociedade diferem-se em muito dos conceitos atuais em quase todos, se não todos, os aspectos, procuro esclarecer fatores que julgo importantes por serem reincidentes.
Dentro destes, encontramos a diferença entre os sexos, que a muito me preocupa quando encontro jovens que não contentes com as realidades religiosas atuais procuram a vivência do neo paganismo e dentro destas crenças encontram a Deusa como principal deidade e que quando educados desde infância com a cultura ocidental acabam não reconhecendo o verdadeiro conceito pagão das polaridades e a essência das religiões matrifocais.
A diferença entre os sexos evidente em nossa educação patriarcal, os conceitos de sexualidade que temos em nossa mente, as figuras que reconhecemos como masculino e feminino, muitos dos que estão chegando ao encontrar a dualidade dos Deuses e das energias do universo acabam inconscientemente levando seus conceitos patriarcalmente formados, adotando a diferenciação entre os sexos na concepção das deidades.
Temos, nós pagãos, que nos desvincular dos conceitos de masculino e feminino que temos incrustados em nossa mente e encontrar nas polaridades e na vivência dos povos formadores de nossas crenças uma forma de expressão de seus órgãos sexuais que se diferenciavam entre si, mas não uma forma de descriminar os sexos como a atual.
O Deus não é diferente da Deusa, são aspectos de uma divindade presente dentro de cada um de nós, que quando na necessidade de reconhecimento destas divindades e enquanto vivência diária de uma divindade que deu origem ao verdadeiro mistério de nossa religião ficavam evidentes entre os sexos, ainda “desconhecidos”, pois não conhecemos hoje em nossa mentalidade a forma como os antigos interpretavam esta sexualidade.
Sabe-se que a mulher como doadora de geradora de vida, assim como a Terra, personificava a divindade que hoje conhecemos como feminina, os homens como caçadores - coletores que tinham em suas vidas diárias a necessidade evidente da visão como principal ferramenta de caça e de sobrevivência um sacerdócio (ainda desconhecido) do Deus que foi reconhecido somente nos primeiros ritos de fertilidade, quando evoluíram suas práticas de vivência para a agricultura.
Como nossa religião é baseada na nos primórdios da sociedade, onde apenas esta realidade de dualidade, ainda não compreendida era posta em prática, para compreender plenamente a realidade destas divindades com “Gêneros” tão bem definidos, mas tão diferentes dos que reconhecemos como masculino e feminino, teríamos que adotar formas de pensamento épicos correspondentes a quando na aurora da humanidade foram criados, ou descobertos.
Então como entender uma religião voltada aos antigos com uma mentalidade moderna?!
Não tem como! Temos que ver os Deuses com a mentalidade voltada as formas de pensamento dos antigos, onde a dualidade era apenas uma forma de diferenciar-se entre si , mas não de ser ou não de sexos diferentes , onde nossos conceitos de patriarcado e matrifocalismo não fariam a mínima razão, somente tem para nós pois estudamos e criamos este conceitos a partir de historiadores destas mesmas sociedades que somente vivenciavam estes “mistérios” para nós que de tão complexos nos apaixonam e inspiram nossas práticas até os dias atuais.
Pois homem e mulher não existiam, penas uma divisão social, não entre sexos, mas entre seres comuns a crenças, seres que tinham características iguais ou muito semelhantes aos deuses, a Lua e o Sol, a mulher graças ao descobrimento da ligação de seu fluxo menstrual com a Lua e o homem pela sua ligação com a luz do Sol.
Era prática do homem ir a caça, mas não vemos na mitologia Deusas Caçadoras?
E não era tarefa da mulher cuidar da vida religiosa, as plantas, o lar, a comunidade? – Então como encontrar Deuses homens da cura, da sabedoria, das ervas !?
Há quem defenda a tese, e não discordo em nada disso, que pela necessidade da visão do homem para sua vida cotidiana acaba se identificando ao Sol, e por ser a mulher um mistério, seu ciclo menstrual, a fertilidade, o nascimento e tantos outros desconhecidos ao homem, por ser a Lua algo que privava o homem de sua visão, seu “instrumento de trabalho”, para ele também um mistério, cria-se a ligação da mulher com a Lua, algo que não podia-se tocar, algo que mostrava-se diferente a cada espaço de tempo, que forma o primeiro calendário conhecido, que controlava as marés, algo incontrolável pelo homem...
Acredito que fica evidente porque a figura feminina cria-se como principal deidade para religiões focadas nos antigos, mas devemos nos focar também na interpretação histórica dos fatos, levar em conta o ambiente em que formaram-se nossas crenças e acredito que assim saber se nos cabe seguir estas.

2 comentários:

Daniel Juliano disse...

Magnus, vc acha que uma tradição pode ser aperfeiçoada, modificada com o tempo? Ou ela deve ser fiel às suas origens sem se adaptar aos tempos atuais?

Magnus disse...

Báh .. vou postar algo sobre este assunto!
Com certeza um tradição pode e deve ser, talvez não modificada, mas adaptada como foi citado...
Porque penso assim, quais as bases para minha crença?!
Somos pertencentes a religiões telúricas, ou seja , centradas na terra, algo em constante mudança, adaptação e evolução.Atualmente eu, por exemplo, quando posso vou até zonas rurais nas noites de lua propícia colher as ervas necessárias para cada ritual, mas nem sempre posso fazê-lo,portanto, vou ao mercado público de minha cidade, onde encontro todas as ervas que necessito, coisa que muitos dos rituais tradicionais começam com "as ervas devem ser colhidas em tal lua" , em minha tradição é comum isso, mas adaptei-me.
São infinitos os motivos para adaptar-mos nossas tradições a nossa realidade atual, uma delas é porque ela foram criadas em uma realidade muitas vezes, ou na maioria , totalmente diferente de nossas atuais realidades de vida.
Somos Filhos da Terra, ela evolui... Nós também!

Abençoado seja;

Magnus

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